A bagunça que ficou

Sempre me perguntei como pode alguém fazer algo por tanto tempo com tanta dedicação e de repente já não conseguir fazer mais. Na minha conclusão, acredito que de tanto fazer isso esta pessoal certamente se fadigou e cansou de tentar.

Abro a porta e o que vejo? Papéis espalhados pelo chão, de forma aleatória, como se tivessem sido jogados lá por alguém que sabia o que estava fazendo. 
Abro a gaveta e encontro cartas empoeiradas, cartas que talvez fossem ser enviadas a pessoas importantes, mas que nunca terminaram de ser escritas.
Olho para o quadro e vejo muitos desejos borrados, com a tinta apagada, como se o vento e o tempo tivessem passado por eles há anos e os tivesse decompondo.
Metáfora? Talvez sim ou não.
Organizar a bagunça que ficou aqui dentro é pior do que organizar a bagunça dos outros. Existem objetos que não nos permitimos mudar de lugar, mesmo sabendo que os mesmos estão velhos e desgastados e já não têm mais utilidade. 
Deixar o que você conquistou aos poucos ir embora de uma só vez é difícil. Mas assim deve ser. 
Talvez no momento não conseguimos entender do porquê de tanto desapego e mudança, pois parece que estamos no centro do universo e tudo o que está fora dele não faz sentido.

A única certeza de que devemos ter no momento é que depois de um tempo, quando as coisas estiverem no lugar, poderemos olhar para trás e saber que foi melhor assim. Mas no momento, primeiro organizar a bagunça...

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